O stress é um fenómeno complexo, resultado da interação entre as exigências externas e os recursos internos que cada pessoa dispõe para lhes responder. Quando esse equilíbrio se rompe e a resposta ao stress se torna contínua e desregulada, o corpo entra em sobrecarga: o sistema neuroendócrino, em particular o eixo hipotálamo–hipófise–adrenal (HHA), mantém-se ativado, aumentando a produção de cortisol e contribuindo para alterações físicas e emocionais.

Este estado prolongado de desgaste pode evoluir para burnout, uma síndrome de exaustão ocupacional associada a fatores de stress persistentes e estratégias de coping pouco eficazes.

 

Consequências do burnout

Sem intervenção adequada, o burnout pode originar um conjunto de sintomas físicos e psicológicos:

  • Sintomas físicos: fadiga intensa, dores de cabeça frequentes, distúrbios do sono, alterações de apetite.
  • Sintomas psicológicos: instabilidade emocional, irritabilidade, ansiedade, procrastinação, dificuldades nas relações pessoais e familiares.

Em contextos mais graves, podem ainda surgir comportamentos de risco, como consumo de substâncias, insatisfação profissional e pessoal e, em situações extremas, pode levar ao suicídio.

 

Estratégias de intervenção

  1. Abordagem neurobiológica

Cuidar da saúde mental através de hábitos saudáveis tem impacto direto na regulação do eixo HHA e na redução dos efeitos nocivos do stress crónico. Entre as estratégias mais eficazes estão:

  • Prática regular de exercício físico.
  • Sono de qualidade e consistente.
  • Técnicas de relaxamento e mindfulness, que ajudam a reduzir a hiperativação do sistema de stress.
  1. Terapia cognitivo-comportamental

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma ferramenta comprovada para:

  • Reestruturar crenças disfuncionais.
  • Diminuir a ruminação mental.
  • Fortalecer a autorregulação emocional.
  • Desenvolver competências de gestão de tempo, autocuidado e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Estas práticas favorecem a resiliência e reduzem a probabilidade de exaustão emocional.

  1. Nível organizacional

A responsabilidade pelo bem-estar mental não deve ser apenas individual. As organizações desempenham um papel fundamental na prevenção do burnout. Boas práticas incluem:

  • Políticas de apoio psicológico.
  • Líderes preparados e empáticos.
  • Cultura de trabalho saudável e psicologicamente segura.

Investir na saúde mental dentro das instituições reduz o absentismo e aumenta a produtividade.

A saúde mental atua como variável protetora na relação entre stress e burnout, sendo essencial não apenas para o bem-estar individual, mas também como prioridade organizacional e de saúde pública.

A integração de estratégias baseadas em evidência científica, é fundamental para prevenir o burnout, reduzir riscos e elevar o desempenho profissional e a vida pessoal

 

Dra. Sandra Reis, Psicóloga

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