O Lúpus é uma doença autoimune, isto é, em que o nosso sistema imunitário se vira contra o próprio, desencadeando inflamações e alterações no corpo mais ou menos severas.

Com uma prevalência estimada de 500 mil pessoas em toda a Europa, e com uma esperança média de vida normal se devidamente acompanhada e tratada, vale a pena partilhar como diagnosticar e tratar esta doença.

PRINCIPAIS SINTOMAS

Que podem ocorrem em simultâneo, ou de forma sequencial:

• Emagrecimento e perda de apetite;
• Fadiga, mal-estar, cefaleias, convulsões, febre;
• Dificuldade em respirar, tosse seca, palpitações, tensão alta;
• Depressão, ansiedade, oscilações do humor;
• Alterações nas células sanguíneas;
• Fotossensibilidade, manchas na pele, vermelhidão no nariz e maçãs do rosto (conhecidas por asas de borboleta);
• Lesões na pele (especialmente junto à boca ou nariz, ou aftoses) e nas articulações (dores, inchaço).

PRINCIPAIS ORGÃOS AFETADOS

• Articulações;
• Pele;
• Células e vasos sanguíneos;
• Membranas serosas (pericárdio e pleura);
• Rins;
• Sistema nervoso central (cérebro).

Em alguns casos, também se verifica o aumento do tamanho dos gânglios linfáticos e baço.

DIAGNÓSTICO

Por norma, é o médico de família quem encaminha para o eventual diagnóstico e acompanhamento pelo médico especialista em Reumatologia.

Este profissional irá identificar a presença de vários critérios que definem o Lúpus:

• Exantema malar: em forma de borboleta, erupção no nariz e bochechas;
• Exantema (pele) discoide: manchas vermelhas;
• Fotossensibilidade: erupção cutânea, como resultado da reação incomum à luz solar;
• Úlceras na boca ou nariz: geralmente indolores;
• Artrite (não erosiva) em duas ou mais articulações, juntamente com inchaço, ou derrame. Com artrite não erosiva, os ossos ao redor das articulações não são destruídas;
• Envolvimento Cardiopulmonar: a inflamação das membranas que envolvem o coração (pericardite) e/ou pulmões (pleurite);
• Alterações no sistema nervoso: convulsões e/ou psicose;
• Distúrbio renal (rim): excesso de proteína e sedimentos na urina.

No campo das Análises Clínicas:

• Alterações Hematológicas: anemia hemolítica autoimune, baixa contagem de glóbulos brancos (leucopenia), ou baixa contagem de plaquetas (trombocitopenia);
• Alterações Imunológicas:

– Anti ds-DNA (importantes para diagnóstico e seguimento);

– Anti-Sm;

– Anticorpos Anti-SSA e Anti-SSB;

– Anticorpos anti fosfolipido (APL) baseado em: níveis anormais de anticorpos anti cardiolipina IgG ou IgM.

• Anticoagulante Lúpico positivo em método padronizado;
• ANA (anticorpos antinucleares) na ausência de terapêutica farmacológica (muito sensível mas pouco específico).

O diagnóstico em si é efetuado mediante:

• A avaliação de sintomas e histórico do paciente;
• As análises laboratoriais;
• E, por vezes, por via de biópsia do órgão afetado (pele, rim).

ACOMPANHAMENTO

Embora o diagnóstico precoce seja muito importante, o acompanhamento é fundamental. O paciente deve ser acompanhado pelo médico de família e reumatologista, com quem deve manter um diálogo frequente, bem como por um conjunto de especialistas que poderão varia consoante os sintomas manifestos em cada um. Por exemplo:

• Enfermeiros;
• Psicólogos;
• Terapeutas ocupacionais;
• Dermatologistas;
• Nutricionistas.

É importante ter em ainda em conta que o Lúpus tem fases, de crise e de remissão, sendo possível ficar anos sem sintomas.

Existem alguns fatores que favorecem as crises:

• Exposição ao sol;
• Estresse físico ou mental;
• Gravidez;
• Infeções;
• Cigarro;
• Abandono do tratamento;

Mais info em lupus.pt ou através do contacto direto de um dos nossos Especialistas dos Laboratórios de Análises Clínicas – Autoimunidade.

Doenças Sistémicas

LES – Lupus Eritematoso Sistémico:
– Anti Nucleares (ANA)
– Anti dsDNA
– Anti Sm
– Anti SSA
– Anti SSB
– Anti RNP
– Anti Nucleosomas
– Anti Ku
– Anti Ribossomal P- Protein
– Anti PCNA

Lúpus Eritematoso medicamentoso:
– Anti Nucleares (ANA)
– Anti Histonas

Síndroma Sjӧgren:
– Anti Nucleares (ANA)
– Anti SSA
– Anti SSB

Esclerose Sistémica Progressiva (forma limitada) Síndroma de Crest:
– Anti Centrómero

Artrite Reumatóide:
– CCP (Anti péptido Citrunilado Ciclico)
– RA teste
– Fator Reumatóide (IgM)

Polimiosite Dermatomiosite:
– Anti Nucleares (ANA)
– Anti PM-Scl
– Anti Jo-1
– Anti Mi-1
– Anti Mi-2
– Anti Ku
– Anti ssDNA
– Anti PL-7
– Anti Pl12
– Anti SRP

Doença Mista do Tecido Conjuntivo (DMTC) Síndroma Sharp:
– Anti Nucleares (ANA)
– Anti RNP
– Anti ssDNA

Síndroma Anti fosfolipídico (APS):
– Anti Cardiolipina (IgG/IgM)
– Anti β2 glicoproteína (IgG/IgM)
– Anticoagulante Lúpico

Esclerose Sistémica Progressiva (forma difusa):
– Anti Fibrilharina
– Anti Scl70
– Anti PM-Scl
– Anti RNA Polimerase I
– Anti NOR-90
– Anti 7-2-RNP (To)

Doenças Hepáticas Autoimunes

Hepatite Autoimune Tipo I:
– Anti Nucleares (ANA)
– Anti Musculo Liso (ASMA)
– Anti Actina (f-actina)
– Anti SLA/LP

Hepatite Autoimune Tipo II:
– Anti LKM
– Anti LC1

Colangite Biliar Primária:
– Anti Mitocôndria (AMA)
– Anti gp210
– Anti Sp100
– Anti PML

Colangite Esclerosante Primária:
– Anti p-ANCA (atípico)

Doenças Autoimunes do Estômago

Anemia Perniciosa (Anemia de Biermer):
– Anti Fator Intrínseco (FI)

Gastrite Autoimune
– Anti Células Parietais Gástricas (APCA)

Doenças Autoimunes do Intestino

Colite Ulcerosa
– Anti p-ANCA
– Anti Células de Goblet

Doença Celíaca
– Anti Transglutaminase (tTG) IgA / IgG
– Anti Gliadina (IgA/IgG)
– Anti Endomísio (IgA/IgG)

Doença deCrohn
– Anti Saccharomyces cerevisiae (ASCA)

Doença Autoimune do Pâncreas

Diabetes Mellitus Tipo I
– Anti GAD 65
– Anti Insulina
– Anti IA2
– Anti ICA
– Anti ZnT8

Doenças Autoimunes da Tiróide

Doença de Graves
– Anti recetores da TSH (TRAB´s)

Tiroidite de Hashimoto
– Anti Tiroperoxidase (TPO)
– Anti Tiroglobulina (ATG)

Vasculites e Doenças Autoimunes do Pulmão e do Rim

Síndroma de Wegener
– Anti cANCA (PR3)

Poliangeite Microscópica
– Anti pANCA (MPO)

Lúpus cutâneo subagudo
– Anti SSA

Doenças Autoimunes do Sistema Nervoso

Miastenia
– Anti Recetores da Acetilcolina
– Anti Musculo Estriado

Síndroma de Stiff-man
– Anti GAD 67

Síndroma de Eaton-Lambert
– Anti Canais de Cálcio

Neuropatias periféricas
– Anti Gangliósidos
– Anti MAG
– Anti Mielina

As doenças autoimunes têm cura? 

As doenças autoimunes são problemas crónicos de saúde que não têm cura. Porém, existem diversos tratamentos disponíveis que garantem o controle dos sintomas.

Geralmente, a pessoa com doença autoimune consegue ter uma vida praticamente normal, desde que faça o acompanhamento médico e siga as orientações do profissional de saúde.

O tratamento da doença autoimune varia bastante, e o objetivo é a remissão dos sintomas.

Geralmente, envolve o uso de drogas imunossupressoras, ou seja, medicamentos que inibem a ação do sistema imunológico.

Além de controlar os sintomas, o tratamento visa reduzir as inflamações e a progressão de danos nas articulações, tecidos e órgãos. Assim, é possível melhorar a qualidade de vida do indivíduo.

A Reumatologia é a área da medicina que estuda doenças inflamatórias e, a maioria das doenças autoimunes cursa com processos inflamatórios.

A Reumatologia é a área da medicina que estuda doenças inflamatórias e, a maioria das doenças autoimunes cursa com processos inflamatórios.

O diagnóstico das doenças autoimunes é feito a partir do quadro clínico que o paciente apresenta e por meio de exames laboratoriais em que são pesquisados vários tipos de Autoanticorpos.

O diagnóstico de cada doença autoimune é feito de forma distinta. O laboratório pode ser bastante útil como parte do diagnóstico, monitorização ou na avaliação prognóstica de algumas doenças autoimunes, mas sempre em conjunto com avaliação do quadro clínico.

A constante evolução técnico-científica do setor laboratorial, inclusive na área da imunologia, permitiu o desenvolvimento de técnicas mais sensíveis e específicas que aumentaram as possibilidades de se estabelecer o diagnóstico dessas doenças.

A pesquisa de anticorpos anti-celulares (antinucleares e citoplasmáticos) (ANA), de anticorpos anticitoplasmáticos dos Neutrófilos (ANCA) e outros testes de imunofluorescência e imunoenzimáticos, são exemplos de exames essenciais para o diagnóstico de doenças autoimunes e que orientarão os médicos na decisão de qual o melhor tratamento a ser seguido pelos pacientes.

Os sintomas das doenças autoimunes variam de acordo com o tipo de doença, e se atinge apenas um órgão ou o organismo inteiro.

Os sintomas mais frequentes são:

• Cansaço;
• Perda ou aumento de peso repentino;
• Mal-estar;
• Sensação de fraqueza;
• Dores nas articulações;
• Anemia;
• Diarreias e desconfortos abdominais;
• Manchas pelo corpo.

São conhecidas mais de 80 doenças autoimunes, sendo as mais comuns:
• Anemia perniciosa;
Causada pela deficiência de vitamina B12.
• Artrite Reumatoide;
Doença inflamatória que atinge as articulações.
• Artrite psoriática;
Doença inflamatória crónica, que afeta as articulações e está associada à psoríase.
• Colangite biliar primária;
Doença que ataca o fígado de forma silenciosa.
• Colangite esclerosante;
Inflamação, esclerose e obliteração progressiva das vias biliares.
• Dermatomiosite / Polimiosite;
Inflamação das fibras musculares de causa desconhecida.
• Diabetes juvenil (diabetes do tipo 1);
Na diabetes juvenil, há uma produção inapropriada de anticorpos contra as células do pâncreas que produzem insulina, levando à sua destruição e ao aparecimento de diabetes.
• Doença celíaca;
É uma doença crónica, que se manifesta em pessoas geneticamente suscetíveis na sequência do consumo de alimentos com glúten (proteína do trigo, cevada e aveia) e que causa inflamação intestinal.
• Doença de Crohn;
Inflamação crónica do intestino.
• Esclerodermia (Esclerose sistémica);
Endurecimento e/ou espessamento da pele com fibrose dos tecidos envolvidos.
• Esclerose múltipla;
Doença neurológica que afeta o sistema nervoso central causando lesões cerebrais e na medula.
• Glomerulonefrite;
Inflamação que afeta os rins.
• Hepatite autoimune;
Inflamação crónica no fígado.
• Lúpus;
Doença inflamatória crónica que afeta diversos órgãos, tecidos e articulações.
• Miastenia gravis;
Doença que provoca defeito na transmissão dos impulsos nervosos para os músculos causando fraqueza muscular.
• Pênfigo;
Doença rara e grave, na qual bolhas de diversos tamanhos surgem sobre a pele e o revestimento da boca e em outras membranas.
• Psoríase;
Doença inflamatória que causa lesões na pele.
• Púrpura trombocitopénica idiopática;
Doença que leva á destruição das plaquetas causando distúrbio hemorrágico.
• Síndrome anti fosfolipídico;
Distúrbios hemorrágicos caracterizada por coágulos sanguíneos recorrentes (tromboses) e complicações na gravidez.
• Síndrome de Sjogren;
Doença crónica que se manifesta por secura das mucosas, sobretudo boca e olhos, acompanhada frequentemente por outras manifestações de inflamação.
• Tiroidites (Graves, Hashimoto);
Na tiroidite de Hashimoto, o corpo passa a produzir anticorpos contra a própria glândula tiroide, destruindo-a, levando o paciente a desenvolver hipotiroidismo.
• Uveíte;
Inflamação da camada média, pigmentada do globo ocular, a úvea.
• Vasculites;
Inflamação de vasos sanguíneos e de órgãos, frequentemente com isquemia e necrose.
• Vitiligo.
Doença crónica que leva à perda da cor da pele em áreas específicas do corpo.

O sistema imunológico, é composto por um complexo conjunto de células, tecidos, órgãos e moléculas especializadas que têm a função de proteger o organismo contra agentes invasores, tais como bactérias, vírus, fungos, parasitas e outras substâncias nocivas. Estes agentes estranhos ao nosso organismo são genericamente designados por Antigénios. Os Antigénios são combatidos por substâncias produzidas pelo sistema imunológico, denominadas Anticorpos, que reagem de forma específica

Desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde e na prevenção de doenças. O seu funcionamento adequado é essencial para o bem-estar do nosso organismo. Distúrbios no sistema imunológico podem levar a problemas de saúde, tais como alergias, doenças autoimunes e infeções.

Autoimunidade e Doenças autoimunes

Autoimunidade, o que é?

Autoimunidade é uma condição onde o sistema de defesa imunológico de um indivíduo agride “por engano” estruturas do corpo dessa pessoa, como faria com agentes invasores.

Hoje sabemos que algum grau de autoimunidade acontece na maioria de nós sem, no entanto, causar doença.

O que são Doenças Autoimunes?

São doenças que ocorrem quando o sistema imunológico de defesa perde a capacidade de reconhecer o que é “self”, isto é, o que é “do próprio ”, levando à produção de anticorpos designados por “Autoanticorpos” que “por engano”, atacam e destroem células e tecidos saudáveis do próprio corpo.

As doenças Autoimunes são atualmente a 3ª causa mais importante de morbilidade (Capacidade de produzir doença num indivíduo ou num grupo de indivíduos) e que podem ocorrer em pessoas jovens, mas a prevalência aumenta com a idade.

Há diversas doenças autoimunes e estima-se que elas afetem cerca de 8% da população mundial, atingindo na sua maioria, 3 vezes mais as mulheres.  Apesar de não ter cura, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para que a pessoa controle a condição e tenha mais qualidade de vida.

Os órgãos ou tecidos normalmente afetados pelas doenças autoimunes são: vasos sanguíneos, tecidos conjuntivos, glândulas endócrinas, articulações, músculos, glóbulos vermelhos e pele.

O que causa autoimunidade?

As causas das doenças autoimunes ainda não são conhecidas. A teoria mais aceite relaciona com fatores hormonais, ambientais e o uso de alguns medicamentos e principalmente quando há predisposição genética.